sábado, 7 de abril de 2012

65ª Corrida de Aleluia


65ª Corrida de Aleluia

Geral: 214ª Corrida 2012: 14ª Corrida
Data: 07/04/2012 – 9h11min (sábado)
Local: Praça da Matriz – São  Roque/SP
Distância: 8,33 km (18ª) 
Tempo: 43:05 (líquido) e 43:26 (bruto)
Velocidade Média: 11,6 km/h (3,22 m/s)  Passo: 5:10 (8,11%)
Pontos (Tabela Húngara): 156
Temperatura: dia claro, 28ºC 
Valor da Inscrição: grátis (preço normal R$ 25)
Número de peito: 431
Tênis: Sprint verde/branco (7)

Colocações:
Geral: 271º (de 612) 44,28%
Masculino: 240º (de ) 50,96%
Categoria 40-44 anos: 39º (de 73) 53,42%

Resultado na Web:


Relato:
Correr é bom de todo jeito, quem corre sabe bem. Mas correr como convidado é ainda melhor. Pelo segundo ano consecutivo, a Equipe 100 Juízo teve a honra de estar entre as equipes agraciadas com a oportunidade de participar desta prova na distante, mas aprazível cidade de São Roque. E não fez desfeita. Tivemos de acordar cedo, muito cedo, mais uma vez (e, ao contrário do ano passado, hoje eu não perdi a hora, botei logo DOIS despertadores!). E houve desfalques de última hora, como o nosso capitão Zebra, o Manoel e o Camilo. Mas o micro-ônibus foi quase cheio e com muito barulho daqui até lá. Quer silêncio e paz? Vá com outra patota. A nossa fala muito! E alto...

Chegamos lá e tratamos logo de desenrolar a questão mais importante: a retirada dos kits de toda a equipe. Faltou o nome da Simone na lista, mas ela acabaria herdando a inscrição de um dos ausentes. Não tinha camiseta (amarelinha, que nem em 2011, mas mais clara) para todos da caravana, tive até que passar a minha adiante. Tudo resolvido, ficou todo mundo liberado para os rituais pré-prova, mas o tempo ficou meio escasso. Quando vi, já tinha bastante gente alinhada e eu fui procurar o meu lugar na massa para evitar atropelos, logo ali ao lado do ressurgido amigo Jerdal. Nem para dar uma aquecida deu. Mas ele, o maçarico, já estava ali em cima, querendo gratinar todo mundo. Quando, onze minutos além do previsto, enfim soou a buzina, a galera vibrou como se fosse gol do Brasil na Copa (com o Mano no comando e esse futebolzinho chocho, acho que é bom mesmo fazer isso agora).

Conhecedor do trajeto da edição anterior, fizera uma pequena palestra no coletivo para os companheiros novatos nas quebradas. E montara a minha estratégia de prova baseada nos seguintes princípios:sentar a botina nos primeiros dois quilômetros, em declive ou planinhos. Administrar e perder o mínimo de tempo possível nos dois seguintes, montanheses. Fazer um bom começo de segunda metade, retomando a aceleração do início da prova. E galgar com valentia as escarpas da última parte, antes do glorioso sprint final em descida. O roteiro estava bem-feito. Segui-lo à risca, ou quase, era o desafio. E eu começaria muito bem. Mesmo obrigado a umas gingadas para achar meu lugar na muvuca (tal como o amigo João Carlos, que passou zunindo) não teria maiores prejuízos. Escutaria o relógio soar, alguns metros antes da placa sinalizadora, à beira do rio Aracaí, com ótimos 4’40’’. Início promissor.

Seguir cumprindo o script era necessário. Mantive essa mesma boa passada e, depois de deixar a curvilínea avenida principal e dobrar à direita em duas ruas bem curtas (tive a impressão de que virara em um lugar diferente da outra vez, e mais tarde veria no mapa que estava mesmo certo), cheguei à segunda parcial, ainda mais afastada da placa oficial, com 4’35’’ de pace. Na lateral da bonita praça estava o primeiro posto de hidratação e ele foi vital. O copo ali recebido foi quase todo para o arrefecimento externo. Primeira parte da missão cumprida com brio. A brincadeira, dali para frente, eu lembrava bem, ficava séria.

Passou a rodoviária, veio a grande área verde do lado direito da pista e, por ali, no ano passado, eu já tinha deixado o ritmo despencar vertiginosamente. Não dessa vez. Já não mais voava baixo (para meus modestos padrões) como no primeiro quarto de prova, mas tampouco rastejava (idem). Fiquei satisfeito com os 5’12’’ no terceiro apito, contra sofríveis 5’52’’ do ano anterior. Quando a coisa ficou feia, feia e a rampa inclinou de vez, tive de apelar para uma caminhada básica. Por ali, dois cadeirantes, com visível e admirável esforço (talvez até exagerado, deu vontade de parar e ajudar a empurrar), mostravam do que eram capazes e me inspiraram a não entregar os pontos também. Seria ultrapassado pelo Aldo e pelo Elias no trecho, mas recuperaria adiante as posições. Morro abaixo, sou um caminhão de areia sem freio. A carga ajuda.

Mal descemos um bocadinho, alegria de pobre dura pouco, já surgiu a outra rampa enjoada, quebrando de vez o ritmo do quarto quilômetro. Se eu conseguira ficar não muito longe dos 6 x 1 na primeira vez ali, desta feita, deixaria a coisa degringolar. Quando olhei para aqueles 6’32’’ no relógio, tive vontade de chorar. Rememorei o treino da véspera, 12 km simulando com os amigos o percurso maior da nova (e que promete!) corrida de São José dos Campos, o Circuito Superação. E em usá-lo como desculpa pronta (e esfarrapada) para um eventual fracasso na tentativa de melhorar o resultado são-roquense de 2011. Mas recordei também que conseguira me redimir, depois do trecho crítico de então. Por que não tentar fazê-lo novamente? O pior que poderia acontecer era não conseguir...

A volta à região da arena da prova, no entorno da Matriz, foi inspiradora. Era hora de recuperar o tempo perdido na pirambeira. Abri o compasso e fui embora rampa abaixo. Passei pelos meus tios, representando hoje a família (Janete, ficara em casa, cuidando do Dudu) na torcida e cobertura jornalística. Não dei aquele salto estilo pegadinha do Mallandro da foto famosa, que foi parar até no livro, mas sabia que tinha motivos para comemorar. Só me assustei ao ouvir que os vencedores já estavam chegando ao fim da prova. Enquanto eu modestamente ainda chegava ao km 5. Com bons e redentores 4’24’’ de cadência.

Começava a segunda volta e o consolo era saber que ela era parecida, mas não idêntica. Tinha o trecho em vaivém pela avenida dividida no meio pelo curso d’água, dava para ver e saudar amigos que iam e vinham. Cheguei à sexta divisão com um bom pressentimento. Que se confirmaria. Com os 5’01’’ no quilômetro e os 30’24’’ de tempo acumulado até ali, eu tinha que fazer muita lambança nos dois quilômetros finais para deixar o objetivo escapar. Tentaria evitar isso a todo custo. O calor começava a apertar e deixar tudo bem mais complicado, mas eu sabia que o km 7 era o último plano e a chance derradeira de correr em ritmo constante. Não perderia a oportunidade. Seria cinco segundos mais lento, mas os 5’06’’ na penúltima parcial também ficariam de ótimo tamanho para o momento. Era só não botar tudo a perder na subida do morro. Só isso, Fabião, só isso...

Aí, filhão, a passada bonita e elegante virou passinho curtinho e feio. Mas era o que dava para fazer. Para piorar, a escalada era traiçoeira, quando parecia que acabava, sempre tinha um pouco mais. No topo, pouco antes da última esquina, estava parado o Diretor Edward, hoje o nosso mestre de cerimônia. E eu achei até que teria a honra de contar com a companhia dele na disparada final. O oitavo bipe se ouviu com 5’52’’ e deu para sacar que realmente o percurso tinha sido bastante ampliado em relação ao anterior. Temi que essa distância adicional fizesse o resultado ser pior, mas chegaria celebrando ao constatar na prática que não. Mesmo com 280 metros a mais, baixaria meu tempo em muito válidos 48 segundos. Mostrando que vivo sim um momento melhor que o da mesma época do ano passado. E que posso seguir acreditando nos meus projetos esportivos. Sempre.

Achei fácil o caminho até o kit pós-prova dessa vez. E agradeci ao amigo Giovani pelo copinho d’água salvador, para quem vinha à beira da desidratação. Falando nisso, faltou uma melhor distribuição ao final da prova. Staffs confusos e consternados abriam caixas adicionais com água em temperatura ambiente (leia-se: quente). A medalha foi ainda mais bonita que a do ano anterior (pena que meu adesivo do verso, molhado pelo suor, borrou). O lanche, igual: duas frutas. Há que se levar em consideração o convite, a gratuidade para quem é da cidade e o preço módico para quem vem de fora. Mas uns faz-me rir a mais, tipo um suco ou isotônico e uma barrinha de cereal ou coisa doce semelhante, seriam bem-vindos também.

Da nossa comitiva, sem o sempre sérissimo candidato Zebra, o único contemplado seria o Laércio, segundo em sua faixa etária. O Rafinha ficou em quinto na categoria e achou até que levaria um dos gigantescos troféus (que eram apenas para os corredores locais). Mas as baterias premiavam apenas os três primeiros (com cem merréis para o primeirão). Se convidados novamente em 2013 (tomara que sim!), voltaremos maiores, melhores, mais fortes e mais ligeiros. O piquenique na pracinha, farto e divertido, fechou a conta e passou a régua. Acho que todos os presentes concordam em uníssono que foi um belo e divertido sábado de aleluia.

Percurso:

Gostei: 
de voltar a ser convidado, de levar um grupo ainda mais numeroso e animado, de reencontrar o percurso desafiador e obter um melhor desempenho nele

Não gostei: 
das placas com diferença em relação ao GPS, da distância a mais, da distruibuição de água ao final

Avaliação: (1-péssimo 2-ruim 3-regular 4-bom 5-excelente)
- Inscrição: 5 (grátis, nem precisamos fazer)
- Retirada do kit pré-prova: 4 (tinha fila, faltou o da Simone, mas deu tudo certo no final)
- Acesso: 5 (chegamos fácil, paramos perto)
- Largada: 4 (atraso maior que no ano passado, dispersão tranquila)
- Hidratação: 3,5 (postos suficientes e bem colocados, água em boa temperatura no percurso; no final, faltou e/ou estava quente)
- Percurso: 5 (interessante e bem desafiador)
- Sinalização: 4 (placas visíveis, mas posicionadas com bastante diferença em relação ao GPS)
- Segurança/Isolamento do percurso: 5 (funcionou bem)
- Participação do público: 4,5 (não muita animação, mas bastante gente acompanhando)
- Chegada/Dispersão: 5 (sem problemas)
- Entrega do kit pós-prova: 5 (tranquila)
- Qualidade do kit pós-prova: 3 (poderia ser melhor)
- Camiseta: 4,5 (bonita)
- Medalha: 4,5 (bonita, com mês e ano, sem distância)
- Divulgação dos resultados: 5 (no mesmo dia e com tempo líquido)
Média: 4,46


Viagem:
160 km, 5 pedágios ida/3 volta
BR-116 (Dutra) até São Paulo
SP-280 (Castelo Branco)
Rodovia Lívio Tagliassachi

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Livro "Melhor que o caminho é o caminhar" - Loja Virtual Arquivo de Corridas de Fábio Namiuti

Livro "Melhor que o caminho é o caminhar"

Em julho de 2002, com apenas 31 anos de idade, descobri, no susto, que era portador de uma doença grave, a hipertensão arterial. Havia feito por merecê-la, não dava para negar: quinze anos de fumaça de cigarro nos pulmões, muito trabalho e estresse (e quase zero de lazer), sedentarismo total, alimentação desregrada e, por conta disso, muitos quilos a mais. Foi só uma inflamação de gengiva e uma consulta de rotina ao médico. Mas poderia ter sido um infarto ou derrame...

A modificação no estilo de vida teria que ser radical. E foi. Parei de fumar, passei o zíper na boca (sem exageros), peguei algumas das horas extras no serviço e, a elas, dediquei a mais importante de todas as mudanças: a atividade física. Nada mais que algumas caminhadas diárias. Mas o suficiente para voltar a ter um número de dois dígitos na balança. E, inspirado pelo cenário e pelas pessoas que faziam parte dele, ousar fazer algo inimaginável para quem estava havia tantos anos totalmente inerte.

Resgatando um passado distante como esportista, sem nenhum talento especial para nenhuma modalidade, mas muita vontade para experimentar várias, redescobri uma com a qual já havia tomado algum contato: a corrida. Ainda com os pulmões sujos e muita coisa em torno da cintura, teria toda dificuldade do mundo para praticá-la. Mas toparia o desafio, compraria essa briga. Ouviria muitas gozações quando, já começando a tomar um certo gosto pela coisa, tentasse enfrentar as ruas. Nenhuma delas capaz, entretanto, de me tirar do rumo certo.

O livro conta muitas histórias da transformação desse obeso doente, fumante e sedentário em um corredor de longas distâncias. Desde a primeira prova, com todo o temor do mundo de não conseguir fazê-la (ou ser o último colocado nela), passando pela realização de um sonho de infância, pela redescoberta do prazer de viajar para correr em outros lugares, pela evolução das corridas “caseiras”, pelos dias em que resolvi dividir as minhas histórias de corredor e em que me tornei um maluco do asfalto. Fala de dias difíceis, de muito aprendizado. Mas também de muitas vitórias e conquistas pessoais, alegrias que só o esporte pode proporcionar. Do aumento gradativo nas distâncias das provas, da preparação para chegar pela primeira vez à mítica distância dos 42 km. E das outras tentativas de ganhar o título de “maratonista”, com todo aprendizado que elas trouxeram. Fala de momentos engraçados, de grandes amizades e também de uma missão para o futuro.

À venda em:

http://fabionamiuti.loja2.com.br/346876-Livro-Melhor-que-o-caminho-e-o-caminhar-

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Maratona da Cidade do Rio de Janeiro 2010



Geral: 139ª Corrida 2010: 20ª Corrida
Data: 18/07/2010 – 07h33min (domingo)
Local: largada no Recreio dos Bandeirantes, chegada no Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro/RJ
Distância: 42,195 Km (5ª) plano
Tempo: 4:34:13 (líquido, 4:38:30 no tempo oficial) e 4:41:03 (bruto)
Velocidade Média: 9,23 Km/h (2,56 m/s) Passo: 6:30down(-17,96%)
Pontos (Tabela Húngara): 112
Temperatura: nublado com garoa e aberturas de sol, entre 19ºC e 21ºC
Valor da Inscrição: R$ 90,00 (com ônibus para a largada)
Número de peito: 3687
Tênis: Reebok Smoothfit Cushion vermelho/cinza (4)

Colocações:
Geral: 1896º (de 2563) 73,98%
Masculino: 1661º (de 2180) 76,19%
Categoria 35-39 anos: º (de ) ,%

Resultado na Web:
http://www.chiptiming.com.br/v3/resultado_view.php?pCodEvento=1103

Relato:
Quem me conhece, sabe que eu não digeri nada bem aqueles burros n’água de Porto Alegre. Tanto treino, tanta preparação para, por conta de um “mero detalhe”, não conseguir sequer concluir a prova. Pensei, falei e escrevi um bocado de bobagens na semana que sucedeu aquele dia fatídico, mas lá nas entranhas, ficou um desejozinho de vingança. Não estilo Charles Bronson, mas a vontade de dar a volta por cima, de justificar o esforço, de fazer o que se sabe (modestamente) ser capaz.

Assim sendo, e tendo o convite do meu grande camarada Ricardo Hoffmann para desfrutar da hospitalidade de seus familiares (e bota hospitalidade nisso, fui tratado como um marajá! Obrigado por tudo, Dona Dag e Seu PC!), acertei o carreto com meus amigos Samira e Jorge (ele, indo fazer sua quarta meia maratona em terras cariocas) e deixei tudo esquematizado para uma nova tentativa de concluir bem uma maratona. Tudo, inclusive a estratégia de marketing, que era, digamos, não ter marketing. Por que isso? Evitar o excesso de expectativa. Minha mesmo, mas também dos amigos corredores, que estão sempre me acompanhando e torcendo por mim. E que eu não queria frustrar, caso uma nova falha eventualmente viesse.

Até a véspera, para todos os efeitos, eu estaria participando mais uma vez da Corrida do Aniversário de São José dos Campos (parabéns a todos os que estiveram lá, parece que a 100 Juízo mais uma vez esmerilhou geral). Reservara a vaga (as inscrições acabaram no mesmo dia!) para a prova local porque certeza absoluta da possibilidade de encarar a maratona, não havia. Mantive a pegada dos treinos, na companhia valorosa do Michel (que seria meu confidente, o único da turma que sabia do projeto), depois de uma semana de folga pós-PoA. E, em alguns momentos, a virilha que estragara tudo nos pampas, ameaçou melar a festa outra vez. Por sorte ou acaso do destino, melhorou. Baleado estivesse, não iria para o Rio correr 13 km (ou qualquer outra distância inferior à total) e parar.

Antes das seis horas da madruga de sábado, escuridão total, saí de casa e fui encontrar Jorge, Samira e Sâmia para um longo passeio pela Dutra. Viagem tranquila, pelo menos até chegar em Nova Iguaçu, onde pegamos 10 km de paradeira por conta de um acidente. Pista molhada e velocidade, definitivamente, não combinam. Pouco depois das 11h, chegamos ao centro de convenções, local da entrega dos kits pré-prova. Parecia que ia ser sossegado, mas não foi bem assim. Ao invés de fazerem tudo num lugar só ou em uma única sequência, havia uma fila para assinar o termo de responsabilidade, outra para a retirada do chip e número de peito (e outra ainda para os VIPs do patrocinador), outra para validar o chip e uma última para preencher sei lá o quê com uma caneta especial (nessa eu nem entrei). Confusão, desinformação, grosseria de seguranças despreparados e uma perda de tempo danado. Mas nem tudo era má notícia também. Reencontrar a galera que tão bem me recebera na minha última estada no Rio (Leo, Paulo Massa, Jorge Ultramaratonista) e que há tempos eu não via, já transformava tudo em festa. Conhecer pessoalmente Miguel Delgado, figura das mais queridas e admiradas na comunidade de corredores-blogueiros (e vice-versa), idem. Por gentileza, senhores, quero as fotos. Minha câmera estava nas profundezas da mochila...

Encontrando meus anfitriões, fui fazer mais um tour, dessa vez por Niterói. Primeiro a ponte, depois a orla, passando pelo belo cenário do museu projetado por aquele garoto Niemeyer. Subidinha boa pra treinar, hein, Hoffmann? Devidamente instalado, tive que fazer um certo esforço pra não dormir e estragar a noite de sono. Poderia ter entrado na roda de caixeta, mas como não levo muito (ou nenhum) jeito para jogo, fiquei lendo (inclusive o manual do participante da prova) e brincando com a Julinha, que é uma graça e muito esperta também. Sabe até onde está Wally em todas as páginas! À noite, se é que ainda tinha espaço no bucho depois de tanta coisa boa no almoço e no café da tarde (pensei que era só a minha mãe que praticava esse esporte!), fomos para o 7 Grill, rodízio de pizzas e massas impecável, que fez valer cada minuto dos quase sessenta na fila de espera. Que delícia e quanta variedade! Fui dormir pesado, mas feliz da vida. Só senti muito a ausência da companheira de sempre. Sem ela, nunca é a mesma coisa.

E pesado também seria o sono. Combinei com o Hoffmann de acordarmos às 4h, já que com o Leo, no ônibus que nos levaria até a largada, estava para as 5h15min. Mas ou o alarme do meu relógio não tocou, ou eu sozinho perderia a hora. Não adiantou bater na porta, acender a luz. Só fui ressuscitar mesmo com o acoooooorda. A próxima tentativa seria o balde de água gelada, imagino. O rodízio ainda estava no prazo de validade, não rolou nem café da manhã. Assim, o atraso foi compensado por isso e pelo trânsito nulo até o outro lado da grande poça. Mas, prevenidos, levamos a marmita, ainda tinha muito tempo até a hora de começar a correr. Deixamos o carro em frente ao prédio do Leo e fomos para a grande fila. Dessa vez, só dos ônibus, para entrar neles foi bem tranquilo. A caminho, nos encontramos primeiro com o Gian, depois com o neobaleia Ivo Cantor (indo para a meia maratona) e Marly, trocamos votos de boa sorte e sentamos lá no fundão do coletivo. A organização tinha disponibilizado sacolas plásticas numeradas para uso do guarda-volumes. Duvido que alguém tenha ganho da minha, onde já estava toda a bagagem, pronta para a viagem de volta. O Leo, que não perde a piada, perguntou se era a tenda da equipe ou o computador, pra ir adiantando o relato...

O traslado Aterro-Recreio foi por um caminho diferente do de dois anos antes. Ao invés de seguirmos pela orla, por onde voltaríamos correndo, usamos um caminho alternativo. Demorou, choveu, parou, o ventinho frio que entrava pela janela dava a entender que bateríamos queixo até a hora de começar a brincadeira. Pra descontrair, fomos combinando a estratégia de prova: homenageando o recentemente falecido comediante Gibe, o ritmo seria de Papai Papudo: cinco e sessenta, quase seis.

Tinha ainda bastante tempo, mas também bastante coisa pra fazer. Como tragédia pouca é bobagem, com tanto banheiro químico, fui pegar logo a fila de um que estava trancado (ou com algum suicida dentro). Fiz o lanchinho, cumprimentei os amigos, bati papo, tirei algumas fotos (pensei até em levar a câmera no bolso, mas acabei desistindo). Ouvi com atenção dicas importantes, como as do experiente craque Dimas. Tinha que ter em mente que estava ali para uma missão pessoal, sim senhor. Mas sem transformar aquilo numa obsessão, algo a ser atingido a qualquer custo. Corrida, qualquer que seja ela, de qualquer distância, é só uma corrida. Demos a ela a devida importância, mas não mais do que isso.

E a hora enfim chegara. Indo para o meio da massa, encontrei o Colucci, mais um surpreso com a minha presença inesperada. Alinhado, cumprimentei o Fernando, marido da minha prima, que não via desde a Volta da Pampulha 2007. Quando finalmente nos liberaram para correr, a sensação mais uma vez, a exemplo do que acontecera em minha primeira maratona, ali mesmo, foi deliciosa. Como é bom começar a se movimentar, sabendo que o destino está tão longe, mas ainda assim, ao seu alcance, dependendo unicamente do seu esforço para atingi-lo. Dessa vez eu não tinha um script numérico no bolso, planejando um km-a-km tão utópico, praticamente impossível de alcançar. Tinha sim a determinação de fazer o meu melhor, começando devagar, me aquecendo, acostumando meu corpo à demanda de esforço que viria. Combinando com ele o que iríamos juntos fazer. Uma frase em espanhol, nas lindas fotos que ilustraram o relato dos Baleias uma semana antes, em Quito, dizia que “amanhã seu corpo saberia do que sua cabeça é capaz”. No meu caso, seria hoje mesmo.

O primeiro quilômetro passou devagar, como era de se esperar. 6’27’’ foi a marca nele. Não vi o Colucci, o Leo e nem o Gian, apenas o Hoffmann estava mais ou menos na mesma batida que eu, mas um pouco mais forte. Fizemos o balãozinho e entramos naquele calçadão cheio de bolinhas de concreto, primeira visão mais próxima do mar no trajeto. Ouvindo, como de costume, frases em múltiplos idiomas, alguns inteligíveis, outros nem tanto. Saindo deste trecho e voltando para a avenida, encontrando de volta gente ainda indo, chegou a segunda placa, já em ritmo bem melhor, de 6’07’’. Ritmo de trotinho confortável, que eu pretendia levar adiante pelo maior tempo possível. O pórtico reapareceu, o km 3 passou com 6’11’’, teríamos agora pela frente o longo e interminável retão do Recreio dos Bandeirantes. No primeiro posto de água, peguei um só copão (gostei da mudança, antes um daqueles do que dois do outro menor), já usei parte para molhar testa e braços. O frio prometido não viera, a chuva também não. Ameaçava até abrir sol, coisa que ninguém, meteorologista ou não, esperava. A temperatura era agradável, diria até quase perfeita para correr. Só não levava nota máxima por causa da umidade, meio exagerada.

A sinalização, desta vez, parecia mais visível que em 2008. As placas em laranja, cor oficial da maratona (as da meia, bem mais à frente, seriam verdes) chamavam a atenção, mesmo de longe. Mas isso não queria dizer que estariam bem colocadas. Ficou clara a discrepância nos quilômetros 4 e 5, onde, sem nenhuma grande variação de ritmo, houve tempos como 6’26’’ e 6 cravados. Mas isso não seria motivo de estresse. Continuava na cola do Hoffmann, ora emparelhando, ora o vendo abrir dez ou vinte metros de frente. Não era uma competição, mas era motivador lembrar que ele havia chegado na minha frente simplesmente em todas as corridas que já tínhamos feito juntos. Seria o meu coelho de hoje. Um que eu conheço e em quem confio.

A única estratégia da estreia, mantida para essa segunda participação, era o uso dos géis de carboidrato. A mais simples possível: posto não, posto sim. O segundo ponto de hidratação chegaria no km 7, bisando 6’07’’ nas duas placas. Abri o primeiro dos quatro sachês que levara (se mais necessário fosse, haveria dois postos de distribuição no percurso). Não foi por isso, já que estou acostumado há muito com o uso desse produto. Mas foi mais ou menos aí que a coisa começou a apertar. Literalmente. Não dava mesmo pra ficar impune depois de tanto nhoque de aipim com carne seca, quatro queijos e frango, rondelli prestígio (é, coco e chocolate mesmo!) e quetais. E saindo de casa às pressas, sem a indispensável escala wanderley-cardósica, como diria Shigueo Dundee. Isso ajudara a estragar minha corrida em Porto Alegre, mas hoje não seria assim. Saber segurar as pontas ajudaria, mas a estrutura oferecida pela prova, idem. Conseguiria levar até o km 19, dispensando as casinhas do km 15, as primeiras que apareceram pelo caminho. Papel, que faltou na gaúcha? Estava no bolso. Deixar o relógio correndo e isso influenciar, dar sensação de caso perdido? Não. Parei o cronômetro. Tempo líquido é tempo de corrida, a despeito do que aparece na lista de classificação oficial.

Até chegar às vias de fato, entretanto, bastante coisa aconteceu. Cumprimentei de passagem a Marina e a Tomiko, duas japas corredoras e valentes, que não via desde a Trilheira. O Hoffmann escapou de vez, só sendo reencontrado porque teve que fazer um pipi-stop também. Os ritmos tinham variado bastante, ficavam entre 6’10’’ e 6’25’’, sabe-se lá quanto por minha conta e quanto por causas externas. Os primeiros 10 km passaram com 1h02min. A programação de suplementos foi mantida: outro gel no km 15 e reposição de eletrólitos no km 12. Ao invés da pastilha de sal, no entanto, optei por dissolver um tablete de Suum no copo d’água. O Recreio demorou, mas passou, veio o cenário bem mais urbano da Barra. Passou por ali um camarada correndo com a 9 do Corinthians e todo mundo falou pra ele: “cuidado com as moças daqui, hein, fenômeno?”.

O trecho até a parada forçada foi bastante complicado. Mas depois da passagem-relâmpago pelo banheiro químico, eu saí dali outra pessoa, pronto pra encarar o que desse e viesse. Quinze segundos mais rápido por quilômetro, traduzindo em números. O sol surgiu e pareceu que ia tomar conta da prova a partir dali, mas o que veio foi garoa. E a chuva forte da véspera tinha deixado lembranças. Por todo esse trecho, enormes poças d’água nos obrigavam toda hora a subir na calçada. Ou ficar encharcado. Não é à toa que muitos GPS marcariam bons metros a mais! A metade da prova chegou pra mim com um tempo alto para uma meia (2h11min), mas alvissareiro para a primeira parte de uma inteira. O dobro disso, hoje, seria um resultado digno de rojões. Cabia a mim tentar manter a pegada.

Viria um trecho mais difícil a partir dali, mas também bem mais divertido. Percurso plano é bom e eu gosto, mas uma variaçãozinha, de vez em quando, também cai bem. Dizem até que muscularmente falando, exigindo outra parte não utilizada no longo trecho plano, antes e depois. Apareceu o Elevado do Joá, que subi tranquilamente. E depois a sequência de túneis. No primeiro fechado, aquela gritaria desagradável de sempre, gente gastando fôlego em vão. No aberto, com a pista de trânsito passando em cima, aquele visual fantástico do mar, talvez o cenário mais bonito de toda a prova. E no segundo fechado, uma bonita intervenção, com a música clássica (bem mais agradável aos ouvidos que os gritos de meeeeengooooo) e os balões iluminados de um dos patrocinadores do evento.

A ansiedade crescia. E a emoção também. Surgia São Conrado, onde eu também chegara bem em 2008, mas onde a prova acabaria para mim, com uma cãibra devastadora no alto da Av. Niemeyer. Passei pelo trecho plano tentando acelerar para chegar com pique ao pé do morro. Alcancei inclusive o Hoffmann, que também tivera o mesmo problema que eu. E comecei a subir tentando manter a boa passada, mais uma vez, aproveitando para ultrapassar muita gente andando, ou quase isso. O ritmo, claro, caiu bastante neste trecho difícil da corrida, mas a subida foi bastante agradável. Rever a placa 29, onde minha corrida de dois anos antes virou rastejamento, confesso, me trouxe lágrimas aos olhos (como eu sou sentimental!). Mas não me fez mal, muito pelo contrário. Deu um gás danado, uma das sensações mais gostosas de todas as minhas corridas até hoje. Tudo bem que foi em descida, mas o melhor quilômetro da prova, o único abaixo de seis (5’47’’) veio ali, na placa 31. Depois de gargalhar com o molequinho no Vidigal pedindo energético aos corredores que passavam. Ué, não era só boné?

Fim do isolamento. Se ali no começo da prova, nossas companhias eram apenas o mar e o vento, depois os prédios imponentes e os quiosqueiros, agora estávamos na parte badalada e megamovimentada do percurso. Leblon, Ipanema e Copacabana, nessa ordem, seriam os próximos passos dessa caminhada. Algum apoio, alguns aplausos, acredito que até um pouco mais que na minha participação anterior, mas muita gente curtindo praia, apesar do tempo pouco apropriado para tal. Outra placa boa de ver correndo seria a 33, onde eu sentei e quase fiquei em 2008, atacado por outra cãibra, dessa vez na panturrilha. Não ia forte, os ritmos tinham caído para a casa dos 6’30’’, mas era um lento com orgulho.

Mas nem tudo estava maravilhoso. Esse trecho, embora muito bonito, tem um aspecto psicológico negativo, que é conseguir ver a outra ponta da praia, que parece que não chega nunca mais. Em Ipanema, a coisa ainda seria contornável. O Arpoador custou a vir, mas veio. Mas em Copa, a coisa começou a azedar. Evitei a todo custo ficar olhando para frente e procurando o tal Meridien, na esquina com a Av. Princesa Isabel, onde finalmente deixaríamos a Av. Atlântica. Mas mesmo assim, a sensação de roda girando em falso era inevitável. O Colucci, bem mais ligeiro, mas hoje em ritmo atípico, me alcançou e achei que me acompanharia dali, mas disse ter dado um pique só pra dar um incentivo (que valeu muito, amigo, obrigado!). No quilômetro 37, quase desanimei de vez, cheguei a andar um pouco, mas não deixaria isso botar a perder todo o esforço até ali. Respirei fundo, fui buscar força sei lá de onde. Mas faria aqueles cinco quilômetros finais CQC (exceto por contusão ou se passasse mal, o que não seria o caso). Ninguém tinha dito que seria fácil...

Mas, quando você entra à esquerda chegando ao Leme, parece que tem um algo mais te empurrando. Não sei bem o que é, mas já tinha sentido isso da outra vez, com a musculatura destruída. Não seria com ela apenas fatigada que deixaria a peteca cair. Vieram os dois túneis, abafados como sempre, apesar do friozinho. O cara da Coca não apareceu, mas em compensação, teve um outro distribuindo laranjas. Como o ser humano sabe ser solidário, quando quer. Já no Aterro, encontrei o amigo Rogerio, que tinha feito a meia (se recuperando de uma lesão) e tirava fotos, entre as quais, a que ilustra este relato (valeu, amigo!). Passaram por mim dois corredores, que disseram estar na mesma situação, sem pernas, e deram um incentivo. Corri com eles por alguns metros e avistei, passando de bike no sentido contrário, o Paulo Massa, outro que também superara dificuldades e fizera muito bem a meia, mesmo com pouco treinamento. Seria a minha escolta nos dois quilômetros finais. Mantendo em alta minha motivação, mesmo quando parecia que o tanque já estava vazio e paces na casa de 7 pareciam tiros de 100 metros. A exemplo do que fizera o Wlad, dois anos antes (e que eu reencontraria depois da prova, o parabenizando pela maratona concluída), o camarada praticamente me carregou nos braços. Um pedaço grande dessa medalha (talvez não tão bonita quanto a primeira, mas tão valiosa quanto) é seu, Paulo! Muito, mas muito obrigado mesmo!

Ser saudado de passagem por Jorge e Samira, Ivo e Marly e pela família Hoffmann foi muito gratificante. Aqueles 195 incríveis metros finais, dessa vez sem direito a sprint, são sempre de pura emoção. Quando não forem mais, eu paro com isso. Ao passar pela linha de chegada, ergui as duas mãos ao céu, agradecendo a Deus e a todos os que me querem bem, torcendo por mim (os que sabiam) ou não. E chorei de alegria. Não pelo tempo, que foi recorde, mas bem acima do que parecia que ia ser: 4h34min (na minha cronometragem, na oficial vai contar o tempo gasto no nº 2). Mas por chegar inteiro ao fim dessa jornada, sem vestígios da dor que impediu a última. Cansado, quase esgotado, mas sem me arrastar por nenhum minuto. Andando quando foi necessário, talvez até estratégico. Mas com a sensação de que finalmente tinha conseguido encaixar uma maratona. Disse com sabedoria, logo depois da chegada, meu grande amigo Guilherme Maio, feliz com seu tempo também recorde: não tem fantasma. Se tem, a gente caça!

O esforço deixara lembranças. Foi difícil andar até a retirada do kit (que tinha frutas e barrinha, eu não conseguiria comer logo depois da prova, meio de estômago embrulhado) e do isotônico (e que fartura dele, duas garrafas de 500ml entregues durante o percurso e mais essa). Voltar para me despedir dos meus anfitriões, além de esperar a chegada do Hoffmann, eu adoraria. Mas depois que sentei e esfriei, foi simplesmente impossível. Peço desculpas pela falta de educação compulsória. Amparado por Jorge e Samira, fui colocado dentro de um táxi e só fui me recuperar depois de um banho (acabar a luz durante é requinte de crueldade, hein?) e um saboroso almoço na Tijuca. Não há palavras suficientes para agradecer a generosidade desses meus amigos, que me trataram como um filho (meio primogênito demais, hehehe...) durante todo esse final de semana. Parabéns ao Jorge, que melhorou bastante seu tempo nos 21k e terraplanou a Niemeyer.

Foi, enfim, um dia e um final de semana inesquecíveis. Do esporte que eu adoro, de convivência e reencontro com amigos muito especiais, de conquistas e muito aprendizado. Não vou (e podem me cobrar) mais fazer maratonas em 2010. Acho que a missão está cumprida por hora. Mas não vou abrir mão do meu direito de continuar tentando aprender a fazê-las. E, depois do devido e merecido descanso, quero curtir muito esse segundo semestre esportivo, competindo (comigo mesmo) nas provas curtas (ou nem tanto), treinando com os amigos e contando aqui as minhas histórias. Fazendo, enfim, tudo aquilo o que eu sempre fiz. Quem gostar, lê e comenta. Abraços a todos!

Avaliação: (1-péssimo 2-ruim 3-regular 4-bom 5-excelente)
- Inscrição: 5 (internet, cartão)
- Retirada do kit pré-prova: 3 (confusa e com pouca informação)
- Acesso: 5 (mais tranquilo do que eu esperava)
- Largada: 5 (atraso bem pequeno, sem bagunça)
- Hidratação: 5 (perfeita)
- Percurso: 5 (fora a monotonia do retão, perfeito também)
- Sinalização: 4,5 (muito bem feita, mas tinha placa fora do lugar)
- Segurança/Isolamento do percurso: 5 (melhorou bastante em relação à última que fiz lá)
- Participação do público: 4 (mais que em 2008, apesar do frio e da chuva)
- Chegada/Dispersão: 5 (tranquila)
- Entrega do kit pós-prova: 5 (sossegada)
- Qualidade do kit pós-prova: 4 (pelo custo, poderia ser mais caprichado, mas ficou de bom tamanho)
- Camiseta: 5 (tecido de qualidade)
- Medalha: 4 (a de 2008 era muito mais bonita)
- Divulgação dos resultados: 4,5 (no dia seguinte, com e por tempo líquido)

Média: 4,6